CONSTRUINDO A AUTONOMIA PARA A VIDA

AUTONOMIA=INDEPENDÊNCIA moral/intelectual
HETERONOMIA=DEPENDÊNCIA afetiva/motora

Toda criança possui, o que Vygotsky chama de Zona de Desenvolvimento Potencial, que é o espaço de todas as potencialidades possíveis que cada criança poderá ter, que são individuais e que dependem da hereditariedade e das oportunidades (morais, intelectuais, afetivas e motoras), que são oferecidas ao longo da vida.
Além desta, Vygotsky cita também, a Zona de Desenvolvimento Proximal, que é o espaço em que a criança irá fazer, com o acompanhamento de um adulto, aquilo que ainda não é capaz de fazer sozinha. É importante frisar, A CRIANÇA IRÁ FAZER, com o acompanhamento de um adulto.
Estas atitudes criam o que chamamos de SENTIMENTO DE COMPETÊNCIA, elevam a AUTOESTIMA e estimulam a construção da IDENTIDADE.
A autoestima é uma das bases para o sucesso e a felicidade de uma pessoa, ela é, em grande parte, interiorização da estima que se tem pela criança e da confiança da qual é alvo. Disso resulta a necessidade de o adulto confiar e acreditar na capacidade da criança.
O processo de construção da autoconfiança, envolve avanços e retrocessos. As crianças podem fazer birra diante de frustrações, demonstrar sentimentos como vergonha e medo ou ter pesadelos, necessitando de apoio do adulto, um apoio flexível, porém seguro.
No dia a dia das relações com a criança, pode parecer fácil que o adulto centralize todas as decisões, definindo o que e como fazer, com quem e quando. Essa centralização pode resultar, contudo, num ambiente autoritário, em que não há espaço para o exercício da ação autônoma, da construção do sentimento de competência e, consequentemente, da autoestima. Oferecer condições para que as crianças, conforme os recursos de que dispõem e com disciplina, dirijam por si mesmas suas ações, propicia também o desenvolvimento do senso de responsabilidade. E isso não quer dizer que ela pode fazer tudo o que desejar, a disciplina é indispensável à vida e à convivência.
Outro aspecto que contribui para o desenvolvimento da autonomia é que a criança tenha referências para situar-se na rotina de seu dia: ter horário para acordar, comer, ir para a escola, tomar banho, brincar, estudar, dormir, etc., fornece segurança para arriscar e ousar agir com independência.
Chamar a criança pelo nome ou por apelido carinhoso, é muito mais educativo do que chamá-la de bebê, quando já não o é mais (até os dois anos). Falar sempre corretamente, sem usar linguagem infantilizada, auxiliam no crescimento linguístico e intelectual.
O uso prolongado de objetos que remetem a primeira fase da vida como mamadeiras, cheiros e bicos, prejudicam a construção da imagem pessoal da criança tornando-a frágil e dependente.
Atualmente, pesquisas sobre o desenvolvimento do cérebro humano estão mudando a forma de encarar os cuidados com os bebês e crianças na primeira infância, reforçando a importância da educação escolar nesta fase da vida. Graças à tecnologia, os cientistas são capazes agora de fornecer um quadro bem mais claro sobre o funcionamento interno do cérebro, com profundas consequências sobre a educação e aprendizagem humana.
Neurocientistas descobriram que no decorrer do desenvolvimento humano, começando antes do nascimento, o cérebro é afetado por questões ambientais, incluindo o tipo de comida, cuidados, ambiente social e estímulos. O impacto do ambiente é dramático e específico, não apenas influenciando a direção geral do desenvolvimento, mas afetando como o complexo circuito do cérebro é conectado.
É no decorrer dos três primeiros anos de vida que a maioria das sinapses – conexões entre os neurônios, são produzidas. Estas sinapses são vitais para o desenvolvimento e aprendizado. Elas se ligam para formar caminhos neurológicos, interconectando a cadeia complexa do cérebro humano. O número de sinapses aumenta com incrível rapidez até os três anos de idade e se estabiliza no decorrer da primeira década de vida. O cérebro da criança se torna denso, com duas vezes mais sinapses do que ele necessita. A partir daí o desenvolvimento do cérebro também é um processo de seleção, reforçando as conexões mais usadas.
Este é o motivo pelo qual experiências iniciais são tão vitais. Aquelas sinapses que foram ativadas diversas vezes, por meio de experiências, tendem a se tornar permanentes. As sinapses que não são utilizadas com frequência tendem a ser eliminadas.
É como um acender de luzes, ao escurecer em uma cidade, luzes pipocam numa rapidez de dar inveja a qualquer velocista. Assim é o cérebro, após o nascimento, velozmente sinapses estabelecem conexões e nos tornam capazes de muitas atividades. Assim, aprendemos a sentar, andar, correr, ir ao banheiro sozinho, ler, escrever, calcular, andar de bicicleta etc.
E é por este motivo que uma criança é capaz de aprender com muito mais rapidez do que o adulto como por exemplo, trabalhar no computador.
NÃO SUBESTIMAR A CAPACIDADE DA CRIANÇA, ESTIMULÁ-LA A SER SUJEITO DE SUA PRÓPRIA HISTÓRIA, COM DISCIPLINA E RESPEITO, É O RECADINHO PEDAGÓGICO DA TURMA ESPERTA DA VIDA.